terça-feira, 13 de setembro de 2011

441 - Uma outra visão

A música entoa pelo fone, o ônibus remexe, tudo se torna percussão para uma batida meio sem ritmo, mas com boa intenção. Assim vai seguindo a condução ao seu destino, sem pressa e pulando. A trilha sonora é a capela de uma música popular conhecida e exclusiva, só os ouvidos detentores do fone partilham do ritmo manso e doce. O cenário bucólico combina com a batida, o pasto molhado da garoa que fez o gado entrar no celeiro e as crianças de boca aberta para pegar a chuva, completam o cena inicial de um pequeno filme íntimo.
Enquanto vai passando pessoas, casas, cores, natureza e letreiros, o rolo vai se estendendo mais e mais. Nessa altura já foram horas infinitas e a chegada não tarda mais a chegar. É preciso um ápice expressivo, e é quando o Sol sai por entre as nuvens e clareia exatamente uma árvore que o filme acaba. O solo de violino é doce e vai morrendo com a luz, por fim sobra o breu e o silêncio.

Grande profeta essa tal de mãe Terra

Amor mais admirado e mais declamado. Eu sempre tão frágil e pequena, você sempre forte e imponente. Quis sempre estar mais próxima, mas você poderia me queimar e me matar. Nós nunca estariamos juntos se não fosse essa galáxia. Acho que foi tudo arquitetado para que nosso amor fosse platônico. Oh, Sol, seu grande astro, estrela da minha vida, luz dos meus dias. Eu sou a Terra, sua grande fã, minha vida depende do seu calor e tudo meu gira ao seu redor, quero declarar que sem você perco a direção, o meu caminho. Espero que um dia você aceite esse meu amor e que no enlace de nossos corpos possamos ser felizes, independente dos demais, sem nos preocupar com qualquer outro ser. Assim, seremos só eu e você e todo o infinito.


(Carta da Terra para o Sol declarando seu amor e anunciando o fim dos tempos)

sexta-feira, 29 de abril de 2011

a falta do que nos falta

O vazio.
Quando o que nos falta é indefinido. Quando não se dá para definir o que se quer. Quando não se quer nada e se quer tudo. Quando tudo não é mais nada. Quando não se pode ser o que se quer. Quando o grito é mudo, a garganta está seca e só emitimos o som do pigarro.

Melodia.
Quero acha-lá e preenchê-la com meus sentimentos despresos dessa minha alma inquieta.
O barulho de uns, o silêncio de outros. A melodia da vida. E nós... qual nossa cifra?

Ir.
Verbo, movimento, saída. Eu, você, nós, eles. Onde iremos. Os caminhos a seguir não sempre as possibilidades e os desejos. Caminhos são apenas vias para se chegar aonde não se sabe. Sabe-se, somente, que deve partir. Andar, se movimentar e esperar... Esperar que alcance algo, com ou sem valor, apenas algo.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

ela

"e ela se foi, nem olhou para o que deixava. saiu em silêncio e não pensou em desistir. sabia que se fosse diferente, nunca teria saído e, mais uma vez, evitaria por um momento o inevitável.
não pensou na saudade que poderia sentir. não chorou pelo caminho, sua vista estava registrando as imagens desse último momento ali presente.
não tardou e ela já estava a pensar nos próximos passos. estava certa, só não sabia para onde ir em meio ao emaranhado de questões... só sabia que devia sair de lá. nada inesperado. desde o início, em sua entrada, se imaginava saindo para algum lugar o qual nunca soube definir.
estando dentro, sair era pura ilusão. agora, sendo real ela não sabia o que fazer."

segunda-feira, 21 de março de 2011

"O único, o valor, a refeição, a vida, as escolhas, as possibilidades..."

Como se dá o valor de alguma coisa ou de alguém? Sempre escutei aquela famosa frase: “Ah, menina, não dê confiança não. Ele não presta nem um centavo!” COMO podemos estimar o valor de uma vida? Mesmo que esta seja da pessoa mais miserável que você conheça ela é tão vivida com a de um inseto, não considerando as diferenças de tamanho e de tempo, ambas são vidas.
O valor de uma vida é único. Só que nunca soube ou pude definir o que é único ainda mais neste emaranhado de possibilidades no qual o mundo moderno se tornou. Antes, num antes bem distante, os servos nasciam servos e morriam servos, era uma coisa prática. Imagine só se este mesmo servo tivesse a chance de escolher o que seria? Ele poderia ser muito feliz, como também muito infeliz. Sem grandes conhecimentos devido à época, mesmo que ele pudesse escolher, suas escolhas permaneceriam limitadas frustrando-o. Atualmente, neste banquete de possibilidades e escolhas, precisamos saber apreciar cada ‘prato’ em seu momento. Mas se não temos nenhum menu para seguir, como então iremos posicionar a ordem das possibilidades?
 Experimentar é a forma mais plausível para se evitar uma indigestão. Aos pouquinhos, em pequenas porções, chega-se a uma refeição satisfatória. O caminhar é igual a andar, um passo após o outro. A duvida, é o valor/sabor que as coisas podem ter. Se eles agradarão tanto quanto o prato anterior...
O único, o valor, a refeição, a vida, as escolhas, as possibilidades... E aí, e você, e nós? O que faremos? E eu, pra onde eu vou?


Ps.: uma música que tem marcado presença na minha mente é "no caminho do bem" do Tim. Escutem, ela é demais!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

TODAS NÓS.

Homens, sim outra vez o mesmo tema. Ou melhor, tema favorito em 10 entre 10 mulheres. Todas gostam de contar histórias de um canalha que conheceu, ou do namorado da amiga que já te paquerou, ou do pedreiro do prédio vizinho que fica te assediando todo dia na volta do trabalho. Papo de mulher é homem e papo de homem é futebol, vídeo-game, mulher e sei lá o que.
São as mulheres que ficam perdendo horas do dia olhando o Orkut do ex para ver se ele já postou uma foto da atual, são as mesmas mulheres que choram quando vêem as quarentonas Helenas de Manuel Carlos sendo deixadas por duas, Bárbara e Cecília, ambas de 20. Não é atoa que Zé Mayer é “El Pegador” e as quarentonas Helenas são as que choram a novela toda, até arrumar outro parceiro-problema ou um final feliz no último capítulo. Será que não está óbvio que a culpa de ser O cara não é por ele superar mais rápido, ou mesmo porque ele é um insensível sem coração, ou porque está em crise de meia idade e precisa se auto-afirmar. A verdadeira razão para ele ter “pego seu caminho da roça” é porque ele QUIS. QUIS superar, QUIS viver e conhecer novas experiências, QUIS dar a si mesmo uma nova chance de ser feliz sozinho ou acompanhado, ..... Será que ele tem culpa por querer o próprio bem?
Nós mulheres gostamos de lembranças e gostamos de trazê-las para o presente, sendo que o lugar delas é única e exclusivamente o passado. Relembramos, comparamos, choramos, nos perguntamos se foi tudo mentira, o porquê de tudo isso, choramos mais uma vez e, por fim, falamos que eles são idiotas que não sabem o que estão perdendo, que no fundo no fundo estão inseguros com toda nossa segurança. Lembram-se do filme “Ele não está tão afim de você”?! Esse título é ótimo. Meninas, ele não te ama mais, é duro admitir, mas ele não te ama e nem a mim. Ele já tem outra vida, outros sonhos, outras perspectivas, outra pessoa. E você, amiga, não tem nenhuma culpa, ou melhor, você é a única culpada pela sua dor. É, você que esta engordando com o sorvete, o chocolate e a pipoca, porque você fez essa escolha.
Helenas, Bárbaras, Carolinas, Camilas, Cássias, Marias, Laras, Julianas, Jéssicas, Anas, Adrianas, meninas, eles não estão errados de quererem ser felizes, nós é que por nos cercamos das lembranças não conseguimos continuar com outras pessoas ou outras opções. Aí eu te pergunto, de quem é mesmo a culpa?

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Conversa entre duas amigas...

Amiga 1: "o que você esperava? ele é homem, já começa no erro assim..."
Amiga 2: "falando assim parece até que vai virar lésbica.. rsrs"
1 : "também não é para tanto, mas não dá para esperar grandes coisas dos homens... ele já começa no erro por ser homem"
2: "hãn?!"
1: "já começa com menos 50 por ser homem, perde 20 por tentar dizer que é diferente e menos 3893 por dizer que somos especiais..."
2: "HAHAHAHAHHA..."
1: "outra coisa, o que ele vai pensar, não cabe a nós ouvir caso não seja de conteúdo científico e quando críticos apenas se forem das artes ou ciências. o resto é pura tolice."
2: "amiga, que papo de mal amada do cacete.. hahahah"
1: " a vida.. a vidaa me tornou assim.. hahahaha"

domingo, 9 de janeiro de 2011

Dias de verão*

Nascem raios de luz em meio ao horizonte
No céu nuvens brancas que anunciam a paz
O sol vai desabrochando
Os pássaros cantam o hino da esperança

Levantem, filhos do criador
Apreciem a brisa e o calor
São dias de verão
Vamos curtir a nova estação

Nestes dias
Os sonhos ficam intermináveis
Os desejos têm vontade própria
A saúde reina em nossas vidas

Dias de verão são então:
O amanhecer sem sofrimento
E o anoitecer sem medo.
                                                                                                                    Juliana Consolação Dias

* Publicado no jornal O Globo em dezembro de 2006.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Não há...

Filmes românticos de lembranças são sempre emocionantes. Não há quem não reflita com uma história de um amor que deu ou não deu certo, nem mesmo se motive com uma lembrança qualquer. É a vida de uma personagem vista pela 3ª pessoa, nós, que nos identificamos com nós mesmo ou com algum conhecido. O filme que acabo de ver, "Ao entardecer", é de uma beleza sutil a qual me trouxe a reflexão sobre amor, vida, erros e medo. Creio que este último pode sintetizar a conjuntura de tudo.
O medo, grande orientador da vida, influi no caminho que trilhamos. Sua existência delimita as decisões ou geram arrependimento. Temos medo de errar. Acabamos desistindo de pessoas, carreiras, escolhas, aventuras, com o mais simples medo de nos arrependermos futuramente.
Pois bem, que será o Júri desse nosso temido juízo? NINGUÉM.
Não há verdades absolutas, não mentiras, não há enganos. Há escolhas, destinos e vidas. Não há erros. Arrepender é uma possibilidade, mas que não garante que a escolha negada teria sido melhor. Como Chaplin já disse, “a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios”.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

música para animar

Mal comecei e já tirei férias. É sempre assim, o começo sempre é empolgante, mas com o tempo, a pressão vai passando.. Triste. Isto poderia ser o indício de desinspiração, porém este não foi o caso. Inspiração havia, faltava boa vontade, ao contrário do atual momento... Triste.
Tantas coisas tristes?! Nada. Só o tédio que vem tomando posse de um império em meu ser.
Que seja...

Para não passar em branco, indico hoje uma trilha para o dia: Barato Total da Gal Costa
http://www.4shared.com/audio/vBWlPh21/06-Barato_Total.htm

Quem quiser baixar e ouvir, fique a vontade!

sábado, 1 de janeiro de 2011

"Tudo novo de novo"

E um novo ano se inicia. Promessas são feitas, ondas são puladas e fogos queimados.

Tudo isso muito semelhante ao início do ano passado. Na verdade, tudo início de ano é semelhante. Então, o que comemoramos? Para que vestir uma roupa nova ou um lingerie da cor do que se espera para o novo ano, se já sabemos que nada disso influenciara?!

Ah, que seja... O que realmente vale é a vida! Não me importa o ano, nem mesmo a idade, o que importa mesmo é celebrar a vida e buscar a felicidade suprema!

Feliz VIDA!